sexta-feira, 8 de março de 2013

Pega um seguro em vez de um aumento de salário

Em vez de procederem a aumentos salariais, que seriam penalizados fiscalmente, as empresas portuguesas optam frequentemente por reforçarem a proteção social dos seus colaboradores e neste âmbito o seguro de saúde tem sido a primeira escolha, mas o seguro dentário também deveria estar entre as maires prioridades, digo eu.


Quem confirma esta situação ao OJE são Ana Aragão e Adriana Rubio, respetivamente responsáveis pelas áreas de Vida e Saúde da Victoria Seguros.

Pela pertinência do tema, decidi colocar aqui a entrevista a estas responsáveis da Victoria.

O seguro de saúde foi sempre um dos benefícios sociais mais valorizados pelos colaboradores das empresas. Em tempo de crise, a valorização do seguro de saúde tende a ser reforçada?

Ana Aragão - Sim, este é um ponto muito atual e muito importante. Os colaboradores tendem a valorizar cada vez mais o seguro de saúde que as empresas disponibilizam - também muito importante o alargar do acesso e das condições destes seguros aos agregados familiares. Por outro lado, um seguro de saúde, enquanto benefício social, proporciona ao colaborador a noção de retorno imediato e um substituto ao aumento salarial. Ganham os colaboradores e ganham as empresas.

Adriana Rubio -De uma forma geral, as pessoas vão a um a médico entre três a quatro vezes por ano. Isto significa que as pessoas têm um custo anual regular com despesas médicas. Neste contexto, o acesso a um seguro que permite aos colaboradores das empresas, e eventualmente ao seu agregado familiar, reduzir essas despesas é extraordinariamente importante e cada vez mais valorizado. É um motivo claro de satisfação. Acredito que existe uma relação direta entre o acesso a um seguro disponibilizado pela empresa ao seu colaborador e a redução dos custos de saúde, quando comparado com um custo individual.

Ana Aragão - Diferentemente de Portugal, existem outros países onde, para além do seguro de saúde, pessoas e colaboradores também valorizam os seguros de vida enquanto um benefício social disponibilizado pela empresa muito importante. Na Victoria acreditamos que Portugal irá evoluir para um sistema semelhante. Por isso, e ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido esforços para, por um lado, dar a conhecer a nossa visão e, por outro lado, apresentar ao mercado e às empresas soluções de benefícios sociais.

Que impacto tem o atual contexto de crise na procura de seguros de saúde por parte das empresas que o querem disponibilizar aos seus colaboradores?

Adriana Rubio - Continua a existir muita procura. Tem sido até muito interessante verificar que, além da procura tradicional das grandes empresas - nomeadamente empresas multinacionais - as empresas pequenas e médias, que nunca tinham disponibilizado "employee benefits" (benefícios sociais) aos seus colaboradores, sensíveis aos problemas e desafios destes, começam a manifestar-nos o seu interesse em conhecer mais sobre o que são e como funcionam os "employee benefits", demonstrando um interesse muito claro em reforçar o apoio aos seus colaboradores sem que isso signifique um aumento salarial ou um aumento da carga fiscal para os colaboradores.

Quais as estratégias mais usadas por parte das empresas que desejam manter o seguro de saúde no seu pacote de benefícios, mas que necessitam de reduzir o seu custo?

Adriana Rubio - Na sua grande maioria, as empresas querem manter as apólices de seguro de saúde e continuar a disponibilizar este benefício aos seus colaboradores. Temos muito poucos casos de anulação efetiva. Para reduzir o custo com os seguros de saúde, as empresas optam pela redução das coberturas disponibilizadas, como coberturas de estomatologia e de óculos. Neste processo, percebendo os desafios que as empresas enfrentam, analisamos, em conjunto com os nossos clientes, as diferentes opções e tipos de reduções que façam sentido, de forma a ir de encontro às necessidades deles mas continuando a assegurar um seguro de qualidade. Há coberturas, como a estomatologia, que encarecem muito o prémio e o capital que disponibilizam não vai ter grande impacto na família do colaborador. É muito importante ajudar as empresas nesta análise, abordando cada caso como um caso único e especial.

A crise está a aumentar o número de casos de fraude com seguros de saúde? 

Adriana Rubio - Este é um desafio e um fenómeno mundial e que tem um impacto direto no preço dos seguros. Não tenho estatísticas completas que me permitam dizer se a fraude está a aumentar e onde, mas posso dizer que olhamos com muito cuidado para este tema. O custo do seguro que uma pessoa ou uma empresa paga está diretamente associado à utilização que este tem e se a utilização não for correta, então o preço será superior ao que deveria ser.

Como se pode melhorar o combate à fraude no seguro de saúde?

Adriana Rubio - Como referi, olhamos com muito cuidado para este tema. Já estamos a implementar algumas medidas. Uma opção que muitas empresas têm tomado é a de contratar a utilização de cobertura de óculos e estomatologia em regime de reembolso em substituição do regime de "managed care".

Além do seguro de saúde, que outros benefícios sociais tendem a ser muito valorizados no atual contexto económico do país?

Ana Aragão - O tema da reforma é um tema incontornável e já podemos observar o crescimento de um novo fenómeno ligado à criação de planos de pensões. Estes planos de pensões podem ser financiados por fundos de pensões ou por contratos de seguro de capitalização - o colaborador sabe que o dinheiro que a empresa coloca no plano de pensões é para ele mas não lhe é dado em liquidez. São os próprios colaboradores que se mostram cada vez mais preocupados com a possível insuficiência das suas pensões de reforma.

Mas o tema dos "employee benefits" é um tema muito interessante e muito abrangente. Existem muitas soluções e opções que ajudam as empresas a melhorar a vida dos seus colaboradores. Na Victoria analisamos com os nossos clientes as diferentes opções e apoiamos os nossos clientes a fazer estas escolhas. Estas não são escolhas e modelos fechados.

Acreditamos e disponibilizamos soluções que são customizadas às empresas e a diferentes tipos de colaboradores dentro da empresa. O conjunto de colaboradores não é representado apenas por um tipo de pessoas e com um tipo de agregado familiar ou um tipo de preocupações ou aspetos que valoriza, pelo que é importante poder disponibilizar soluções ajustadas a cada grupo de colaboradores e assim otimizar e maximizar o impacto e benefício das soluções disponibilizadas pela empresa.

Não sendo um seguro obrigatório, o seguro de saúde tem registado, ainda assim, uma evolução positiva na sua performance ao longo dos últimos anos. O ano 2013 poderá ser também de crescimento no ramo Doença?

Adriana Rubio - Sim, acredito que o ramo vai continuar a crescer, tanto no segmento de empresas, como de particulares. E neste último segmento vai crescer também a procura por cartões de saúde. No segmento de empresas, o seguro de saúde é a melhor forma de dar um benefício aos colaboradores sem ser penalizado fiscalmente.

0 comentários:

Enviar um comentário